Silêncio! Não peça nada nem espere nada. Caminho dignamente. A cada passo seu, a Terra toda se comove. Veja a luz e a sombra. As trevas não são assustadoras nem a claridade sedutara.
Silêncio! Não peça nada nem espere nada. Só assim suas mãos estarão cheias. Trabalhe dignamente. Cada gesto seu transforma o mundo. Veja os bons e maus. Não discrimine. Os marginais não devem ser mais temidos do que os que marginalizam pessoas. E todos fazem parte da grande irmandade.
Silêncio! Não peça nem espere nada. Mas tome uma atitude. Construa o mundo à sua imagem e semelhança.
Vä. Faça a luz com sua própira luz. Leve sabedoria e compaixão, sem escolher entre este ou aquele coração.
Silêncio! Tome cuidade para não ostentar a sua liberdade àqueles que ainda não estão libertos. Sua liberdade será maior se for resultado da paciência e da sabedoria pouco a pouco adquirida. Não tenha pressa. Cada momento traz em si toda a eternidade.
Silêncio! Ouça os sons do mundo. Perceba os tons mais altos e suaves, os mais baixos e profundos. Cada um deles tem sua causa e sua razão, sua função e posição.
Abra o portal da compaixão e não deixe de ajudar o seu irmão e sua irmã, companheiros deste criação.
Silêncio! Reconheça os picos mais altos das montanhas e os abismos mais profundos dos mares.
Além dos conceitos mundanos e transitórios, seja capaz de ver em profundidade.
Silêncio! Sinta o vento que transforma e queima. Vento que leva à estagnação, que levanta ondas e derruba cidades. Vento que constrói vidas e diversidades.
Em seus pulmões ecoa o som dos ventos da Terra. Não os evite. Evite fumar em excesso. Evitge bombas, guerras, violência.
Silêncio! A tessitura sagrada está sendo tecida agora. Não a atrapalhe com sugestões absurdas. Mas aprenda a ser o tear da vida. Sincronize, como mágica bruxaria. os seus dedos, os seus pensamentos, a sua intenção e a posição das estrelas e dos cometas, das marés, das luas e das aranhas. Seja os fios e as linhas. Sendo o desenho trançado.
O resultado final é sem fim.
Silêncio! Não fale agora, não deixe seus pensamentos invadirem outro país. De cada povo, um território.
Silêncio! É a alegria chegando sem desvarios. Reme no seu barco, noite e dia. Você é o barco, os remos, a água, a margem. As águias e os passarinhos voam juntos e retornam aos seus ninhos.
O que os separa são camadas invisiveis de céu. Sinta em seu corpo o arrepio doce da vida e da morte. E não se importe.
Silêncio! Abandone as idéias e se entregue à existência. Sem medo da morte. Sem medo da vida. Chore e ria. Perceba o que há dentro e fora de você. Há dentro , há fora? Quem criou a aurora? Redescubra a fé. O que é?
Ë tarde, anuncie ao mundo , bem alto, que o seu silêncio é feito de sons. Não precisa só lamentar nem só comemorar. Anuncie ao mundo o momento do agora. Anuncie o segredo revelado nesta hora. Anuncie a verdade, do mais simples ao mais complicado. Permita que as pessoas se amem de fato, compreendam-se, harmonizem-se.
Que haja alimento, que haja coragem, que haja momentos de paz com amor. Destemor. Está acontecendo . Sorria.
Chegou o momento de quebrar o silêncio. Chegou o momento de pedir, de esperar esperançosamente, de recriar a verdadeira liberdade no compartilhar da pluralidade. Sem intenção, repita o refrão: "vida, verdade, trabalho, dignidade. "
Mãos em prece
Monja Coen - Viva Zen : Reflexões sobre o instante e o caminho
